Você sabe o que é ser sustentável?
É possível aplicar o conceito de sustentabilidade na Construção Civil?
A matéria de hoje aborda esse tema e esclarece algumas dúvidas e receios que ainda são muito comuns dentro do mercado da Construção, como:
– O que acontece com o “entulho” gerado em uma reforma ou em uma construção?
– Ele serve pra alguma coisa ou é só “lixo” descartado?
– É possível ser sustentável nas obras?
Primeiramente, precisamos definir o conceito de sustentabilidade, que muitas vezes é reduzido à “coleta seletiva” ou “não jogue lixo na rua”.
Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações.
Ou seja, a sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro.
Seguindo estes parâmetros, a humanidade pode garantir o desenvolvimento sustentável. Também está diretamente ligada ao desenvolvimento de vários setores da sociedade, sem
que estes agridam o meio ambiente, como a economia, a educação e a cultura.
A partir de então, podemos falar sobre a sustentabilidade dentro da Indústria da Construção Civil.
Na verdade, a sustentabilidade começa desde a concepção de um projeto. Na hora de planejar e orçar, é conveniente que se inclua as alternativas de materiais que gerem menor custo para o orçamento final da obra. E isso está correto!
O que muita gente não sabe é que às vezes métodos e materiais convencionais são mais caros que aqueles que ainda não são tão conhecidos e difundidos no mercado.
E isso geralmente acontece por motivos até culturais, como “ah, melhor não trocar o certo pelo duvidoso”. Uma forma totalmente errada de encarar os negócios.
Bom, voltando para o foco, a Construção Civil é responsável por uma grande parcela dos resíduos sólidos gerados em nosso país, dividindo espaço com tudo aquilo que resulta de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
Uma gestão adequada destes resíduos é de extrema importância para que os municípios estejam alinhados com as legislações próprias, do Estado e com as legislações federais.
Para exemplificar, em um Município, podemos ter o Plano Municipal de Gestão de Resíduos Sólidos, o Plano Municipal de Saneamento Básico, o Plano Municipal de Gestão de Energia Elétrica, etc.
No Plano Municipal de Resíduos Sólidos, temos: lixo urbano (RSU), biomassa (podas), lixo hospitalar, lixo eletrônico, recicláveis (plástico, vidro, metal, etc) e os RCD’s (Resíduos de Construção e Demolição).
Estes RCD’s, são depositados em caçambas de entulho durante as reformas e construções, e depois devem receber uma destinação adequada ou serem encaminhados para a reciclagem.
Quando encaminhados para a usina de reciclagem, esses entulhos passam por uma triagem antes de serem processados, pois na maioria das vezes, juntamente com o entulho, as pessoas descartam lixo doméstico, móveis usados e os mais variados materiais que não fazem parte desta classificação.
Eu pude entrevistar o Engenheiro Juliano Munhoz Beltani, co-responsável pela implantação da Usina de Reciclagem de RCD’s (ECO Solutions) na cidade de Lins/SP.
Ele nos recebeu na Usina e explicou como funciona este processo de reciclagem, tornando bem mais fácil visualizar o que acontece com todo resíduo gerado e como ele pode ser aproveitado.
O Eng. Juliano explica de forma bastante objetiva e tira as dúvidas mais comuns, como: é sustentável, mas é barato? O material atende os requisitos técnicos exigidos? Como e por quê inserir o uso de material reciclado dentro de um projeto?
Vale a pena assistir e tirar todas as suas dúvidas!!!
Então, após a triagem e o processamento dos RCD’s, é possível obter vários produtos. São eles: o material bruto triado, a bica corrida e o RCD processado (pedra 1, pedra 2, rachão, pedrisco e areia).
Este material vem sendo testado para reuso há alguns anos, e pode ser aproveitado para terraplanagem, correções de acessos rurais, produção de argamassa, concreto para pisos e calçadas e na fabricação de artefatos (paver, tijolo ecológico, etc).
Então, por que esse material ainda não é utilizado em larga escala, já que além de evitar o acúmulo de resíduos sólidos, ele pode ser reutilizados depois de processado?
Esta, talvez seja mais uma questão cultural do que econômica. Por não terem informações, as pessoas acabam não conhecendo as vantagens que esta prática pode trazer, ficando assim, dentro dos métodos convencionais.
No caso de uso de RCD em construções e obras em geral, é necessário que haja a conscientização dos gestores de obras, mudanças na cultura de trabalho, quebra de paradigmas, e que se busque sempre fazer um comparativo de custos (custo de 30% a 50 % menor), além da visão de impacto ambiental (somente com o fator econômico garantido).
Por isso, o caminho é longo até que se consiga implantar de vez no nosso país essa prática. E cabe também a nós, Engenheiros e Engenheirandos, ajudar na conscientização e na consolidação desse conceito dentro do nosso mercado de trabalho, a maravilhosa e apaixonante indústria da construção civil!
E você, conhece alguém que trabalha de forma sustentável? Já viu alguém que se opõe ao uso de materiais sustentáveis? Deixe nos comentários as suas experiências.
Então é isso galera! Aproveitem o conteúdo e até logo.
Forte abraço,
Erick Ruas.